quarta-feira, 13 de julho de 2011

Alcy Cheuiche é o patrono da Semana Farroupilha 2011

  A Comissão Estadual dos Festejos da Semana Farroupilha, na qual faz parte a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF) - instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, anunciou nesta quarta-feira (08/06) o nome do escritor e professor  Alcy Cheuiche como patrono da edição deste ano, que acontece de 13 a 20  de setembro em diversos municípios do estado.  O homenageado deverá participar de uma série de atividades dos festejos, como o acendimento da Chama Crioula, em Taquara e em Porto Alegre, além dos desfiles de 19 e 20 de setembro. Natural de Pelotas, o autor de 70 anos tem obras traduzidas para o espanhol, francês e alemão. Segundo os críticos que analisaram a sua obra, é no romance histórico que  encontrou seu verdadeiro caminho na literatura brasileira. Entre os livros mais conhecidos  estão Sepé Tiaraju, Romance dos Sete Povos das Missões, Lord Baccarat e A Mulher do Espelho, O Gato e a Revolução  e O Mestiço de São Borja, Ana Sem Terra, Nos céus de Paris - Romance da vida de Santos Dumont, Jabal Lubnàn e  As aventuras de um mascate libanês.
 Alcy Cheuiche foi vencedor de duas edições do Prêmio Açorianos, ganhou diversos prêmios pelo País e mundo. Também foi homenageado através da  Medalha Mérito
Santos Dumont, Medalha Simões Lopes Neto, Medalha Oswaldo Aranha. Entre
outras entidades culturais a que pertence, é membro vitalício da Academia Rio-Grandense de Letras e sócio fundador da Associação Gaúcha de Escritores.


Fonte: Imprensa IGTF - Rita Escobar
















Presidente da Comissão Estadual dos Festejos Farroupilha, Erival Bertolini; Alcy Cheuiche; presidente do IGTF, Rodi Pedro Borghetti; diretor administrativo do IGTF, Valter Carneiro. 
(foto: Rita Escobar)
Reza Chucra
Alcy Cheuiche
extraído do livro Versos do Extremo Sul

Perdoe Virgem Maria
Por lhe tomar atenção,
Envolvendo um coração
Tão puro e tão adorado,
Nesta miséria qu'eu trago,
Que arrasto, é melhor que diga,
Por esta terra inimiga,
Onde nunca fui amado.

A Senhora bem se lembra
Que nem sempre foi assim...

Embora não fosse em mim
Que a fortuna tinha ninho,
Eu bem que tive carinho
E uma mulher cuidadosa
Que me deixava de jeito,
Um lenço branco no peito,
A bombacha bem limpinha,
Quando para a igreja eu vinha,
No tempo qu'eu fui feliz.

Agora olhe pra mim.
Veja esta roupa rasgada
Qu'eu carrego com vergonha.
Parece que a gente sonha,
Quando vê que não é nada
Prá dominar o seu vício
Quando eu morava no pago
As vezes tomava um trago
No mais prá molhá a garganta
E agora querida Santa,
Até virei cachaceiro,
Depois que bebo o primeiro
Não há nada que me pare.
E depois até que eu sare
Vem me subindo a cabeça
Toda essa vida passada
E o rosto da minha amada
Enxergo assim como em sonho...

Ó minha Nossa Senhora,
Escute ao menos agora
Um pedido que le faço.

Sei que a morte já me ronda
Pela porteira do rancho...
Até já vejo os caranchos
Rodeando em volta de mim.

Reconheço o meu pecado,
E quando tiver chegado
Lá na fronteira do céu
Vão me apontar outro rumo:
- Ovelha com mancha preta
Bota a marca na paleta
Que só serve prá o consumo. -

Prá mim não há mais remédio,
Não é prá mim o pedido.
Sou índio chucro vencido
Pelo vício aqui do povo.

Eu peço é pelo meu filho,
Que abandonei lá no pago
Quando a sina de índio vago
Me arrebatou da querência.

Proteja a sua inocência...
Não deixe que o coitadinho
Siga este duro caminho
Que está seguindo seu pai.

Que fique por toda a vida
Grudado naquele chão,
Que resista a tentação
Com toda a força de machd,
Que não morra como guacho
Quando pará o coração.